Foto: Lauro Alves / Agência RBS
Fernandinho vive um momento especial no Grêmio de Roger Machado. Emprestado ao Verona, da Itália, no início do ano, o atacante retornou no final de junho ao CT Luiz Carvalho e se firmou como uma espécie de 12º jogador do time. Com velocidade e muitos dribles, o jogador de 29 anos pode até ser titular neste domingo, às 11h, contra a Ponte Preta, em Campinas. Mas, ao longo da carreira, ele aprendeu a esperar o momento certo.
Pouco utilizado por Felipão no ano passado, deu a volta por cima com Roger. Tanto que foi um dos protagonistas nas últimas quatro vitórias do Grêmio. Marcou seu primeiro gol com a camisa tricolor no Gre-Nal, encerrando uma seca de um ano, e mudou a dinâmica da equipe contra Joinville e Coritiba.
Em entrevista a ZH, Fernandinho diz não guardar mágoa de Felipão. Além de contar sua experiência na Itália, destaca a competência de Roger, o pedido de líderes do grupo gremista para sua volta e também a mudança de ambiente no vestiário, que considera o mais unido em que já trabalhou.
Atacante de movimentação, diz que prefere atuar pelo lado do campo a substituir Luan na função de falso 9. E também confia que, apesar das dificuldades do intenso calendário, o Grêmio pode ir longe no Brasileirão e na Copa do Brasil.
Veja a entrevista completa com Fernandinho:
Gol no Gre-Nal
Só Deus e eu sabemos a importância daquele gol. Em vários outros jogos, pedi para fazer meu primeiro gol com a camisa do Grêmio. Nunca imaginei que a hora que eu fizesse seria tão perfeita, tão especial. E isso me fez aprender a ser mais paciente, o que é difícil pra caramba. O ser humano tem muita dificuldade em esperar que as coisas aconteçam.
Um ano sem gols
Meu último foi pelo Atlético-MG, na Libertadores 2014, contra o Nacional da Colômbia. Depois, o Grêmio comprou meus direitos do Al-Jazira. Foi o time que escolhi para jogar, passamos quase um mês negociando. Sempre tive convicção de que fiz a escolha certa, independentemente das opções do Felipão. Quando você chega, precisa se adaptar. Ainda mais se tornando patrimônio do clube. Precisa do apoio e da confiança do treinador. Isso eu não tive dele.
5 a 0 no Gre-Nal
Gre-Nal é um campeonato à parte. É um Brasileirão, uma Libertadores, talvez até algo maior. Mas à parte. Vencer daquela forma foi uma bênção para nós. Mas aquilo não aconteceu à toa. Não esperávamos que fosse daquele jeito. Mas entramos totalmente focados. A confiança que o Roger nos passou foi incrível. Foi um jogo histórico, um privilégio entrar para a história do clube. Se Deus me trouxe de volta, é porque ele tem algum propósito.
Vitória sobre o Galo
Nosso time gosta de jogar com adversários mais fortes. Aqueles que jogam para frente, considerados os melhores do campeonato, quando jogam em casa querem ditar o ritmo do jogo. Querem pressionar, fazer o gol. O Atlético-MG é um grande exemplo disso. É impossível um time que jogue dessa forma e não dê espaços. E nós aproveitamos bem isso. No início do jogo, a gente estava errando passes. Quando acertamos, encaixou e saiu aquele golaço.
Contra times fechados
Se o adversário dá menos espaço, a gente tem de ditar o ritmo de jogo. O time que vai para cima, dá espaço. O Roger trabalha em função disso. Se a gente está pressionando, não podemos deixar a guarda aberta. Quem está ali atrás precisa ficar atento para não tomar este tipo de contra-ataque e não sofrer gols.
Hora da titularidade?
Eu fico feliz por ter este privilégio de mostrar meu trabalho. É algo que eu não tive muito no ano passado. E tem a questão da confiança, quando o treinador te passa isso é outra coisa. Costumo falar que jogador é 70% confiança. Você só consegue definir a qualidade, ou o quanto o jogador é importante, quando ele tem confiança.
Volta dos "renegados"
É a confiança do treinador, né. Fiquei sabendo que o Edinho estava treinando em separado só depois, quando eu estava voltando do Verona. E não entendi aquilo, ele é um cara importante, que todos gostam no grupo. Quando o Roger precisou, ele deu o melhor dele e foi importante para nós. É o que faço também. Não foi de um dia para o outro que escolhi vir para o Grêmio. Tá na hora de conquistar títulos, voltar a dar alegrias ao torcedor gremista.
Mágoa de Felipão?
Nada disso. O estranho do meu caso é que eu tinha acabado de ser comprado. O Grêmio poderia ter esperado mais seis meses, assinado um pré-contrato e me contratado de graça. Me tornei patrimônio do clube, mas o treinador chega e me desvaloriza da forma que desvalorizou. Mas foi uma opção do Felipão, ele tinha a autoridade de usar quem ele achava melhor. Essa é a única coisa que ficou estranha. Mas mágoa do Felipão, nenhuma.
Saída para o Verona
A proposta do Verona veio no final do Brasileirão. O diretor do clube viu alguns jogos meus, já me acompanhava desde o Atlético-MG, e entrou em contato com meus empresários. Eu fiquei na dúvida se ia ou não. Mas se eu tivesse em um bom momento no Grêmio, talvez não teria ido. Mas como estava sem jogar, sem ser utilizado, foi uma boa opção. E acho, não tenho certeza, que o Felipão também não contava comigo. Então, uma coisa ajudou a outra.
Passagem pela Itália
Cheguei no finalzinho do campeonato, nos últimos jogos do segundo turno. Lá, o técnico (Andrea Mandorlini) espera que você aprenda o idioma e se adapte para só depois jogar. Para ele, só assim eu entenderia as instruções dele. Italiano é mais ou menos assim, e a gente respeitava esse método. Mas, como fiquei quatro meses, eles até queriam ampliar o empréstimo por mais um ano e meio. Mas o Grêmio queria meu retorno. E acho que voltei na hora certa.
Pedidos para a volta
Eu até fiquei surpreso, não é algo normal isso acontecer. O Rhodolfo e o Maicon, que também trabalharam comigo no São Paulo, o Giuliano, o Grohe e outros jogadores ficaram no pé do presidente e do diretor para me trazer. E também ficaram no meu pé para eu voltar. Foi muito bacana a atitude deles comigo. A melhor forma de retribuir é ajudando eles em campo.
Trabalho com Roger
Estamos vivendo um momento muito especial com ele. Todos os jogadores gostam muito do Roger. E não é porque está está tudo dando certo. Todos os elogios que o Roger recebe dos jogadores são reais, ninguém aqui está puxando o saco dele. Estamos retribuindo dentro e fora de campo o que ele está fazendo por nós. Quando nos perguntam dele, só falamos a verdade.
Treinos intensos
Estão me ajudando bastante. O Rogerinho, que já estava merecendo assumir esta função de preparador físico, é muito inteligente. Eu preciso da minha parte física em dia, isso me traz muita confiança para ter um bom desempenho. Nesse trabalho puxado do Roger, você trabalha a parte física e técnica ao mesmo tempo. E isso te dá uma condição muito melhor.
Ambiente no vestiário
Quando voltei, era totalmente diferente. Pessoal com o sorriso no rosto e muita vontade de trabalhar. O ambiente está tão bom que a gente fica ansioso para chegar ao CT ou à Arena para treinar. Tem jogador que chega bem cedo no clube, treina uma hora, uma hora e meia. Antes, alguns vinham só para treinar e já iam embora logo depois. Quando o ambiente é pesado, as coisas são mais complicadas. Em momentos assim, você prefere ficar mais com a família.
O que mudou?
Nosso elenco é o mesmo do Gauchão, que estava mal e passou por momentos difíceis. Aí mudou o treinador. O Felipão que era ruim? Não, ele tem história. Não é à toa que conquistou tantos títulos. Mas aí chegou o Roger, com um trabalho diferente. E ele abraçou o grupo, que retribuiu e está correndo por ele. É um técnico novo, que estudou muito e que sabe o que está fazendo. A única forma de não dar certo é se a gente não fizer o que ele pede.
Jogaria como falso 9?
Eu gosto mais de jogar pelo lado do campo. Atuar como falso 9 é mais complicado, não é uma função fácil de fazer. O Luan tem uma facilidade por conseguir jogar muito bem de costas ali no meio. Eu fiz poucas vezes esta função, prefiro mais jogar pelos lados, seja pela direita ou pela esquerda.
Bobô x Luan
São características diferentes. O Bobô é muito esforçado, é um finalizador e vai ser muito importante para nós. Está chegando, entrando em forma. O Luan é aquele jogador diferenciado que todo time quer ter. Ele é a jóia do Grêmio, faz muito bem esta função de falso 9. E complica os adversários porque ele sai de centroavante e vem para a linha de meias. Dificilmente ele vai durar muito no nosso elenco. Todo mundo está vendo o que ele tem feito.
Receio em finalizar?
Teve essa jogada (contra o Coritiba), que meu advogado até me depois ligou para cornetear. Na verdade, o cruzamento era para ir entre o zagueiro e o goleiro. Mas a grama estava prendendo. Eu até diminuí a passada, mas errei no cálculo pela grama alta. Aí a bola ficou atrás do meu pé e não deu para chutar nem cruzar da forma que pensei. Mas a gente tem sempre que melhorar nos fundamentos. Com bola, sem bola, movimentação, finalização.
Veloz e driblador
É a característica do jogador, e isso você precisa aprimorar. Como sou velocista, preciso trabalhar em cima da velocidade para não perder esta condição. Um preparador físico na Itália me disse que, mesmo chegando a idade, perco isso mais lentamente do que o normal. Mas se você deixa de trabalhar em cima disso, perde bem mais rápido. Em relação ao drible, é um dom que vem de Deus. Cabe a mim aprimorar nos treinos para executar nos jogos.
Calendário brasileiro
É algo que precisa mudar, hoje é muito apertado. A gente poderia até dar um espetáculo melhor, com jogos mais bonitos e disputados se o calendário melhorasse. E o índice de lesões diminuiria também. Creio que o pessoal vai melhorar, não tem outra alternativa. Precisamos pegar os campeonatos de fora que são referências, como o Espanhol e o Inglês, que têm um calendário mais tranquilo, e nos adequarmos a eles.
Grupo do Grêmio
Temos um elenco muito jovem, com jogadores que recém subiram das categorias de base. Mas também fico impressionado com a qualidade dos meninos que estão no profissional hoje. Apesar da idade e do peso que é vestir a camisa do Grêmio, mostram muita personalidade. O Brasileirão é longo e, junto com a Copa do Brasil, vamos precisar de todos. Com cuidado, descansando, boa alimentação, temos de fazer nossa parte. É importante termos esta consciência.
União no elenco
Unido como o do Grêmio está agora, eu ainda não tinha visto. O Atlético-MG tinha um grupo bem fechado. Mas o Grêmio, por não ter jogadores considerados medalhões, penso que ajuda bastante. Todo mundo se respeita, se cobra, olha no olho do outro. Quando tem de discutir, discute. Quando tem de elogiar, elogia. A sintonia no grupo é muito grande. O Roger deixa todo mundo motivado. Quando você menos espera, ele te dá a chance. Cabe a nós estarmos preparados.
Título é possível?
É o sonho de todo gremista. O campeonato é muito longo. Mas nosso objetivo, agora, é ficar próximo dos líderes. Para que, na reta final, a gente possa ter condições de brigar. Para que a torcida siga empolgada, temos de trabalhar forte. Teremos dificuldades, jogos difíceis, que nem sempre serão só contra equipes grandes. Os times que jogam fechados contra nós acabam sendo muito perigosos.
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Pouco utilizado por Felipão no ano passado, deu a volta por cima com Roger. Tanto que foi um dos protagonistas nas últimas quatro vitórias do Grêmio. Marcou seu primeiro gol com a camisa tricolor no Gre-Nal, encerrando uma seca de um ano, e mudou a dinâmica da equipe contra Joinville e Coritiba.
Em entrevista a ZH, Fernandinho diz não guardar mágoa de Felipão. Além de contar sua experiência na Itália, destaca a competência de Roger, o pedido de líderes do grupo gremista para sua volta e também a mudança de ambiente no vestiário, que considera o mais unido em que já trabalhou.
Atacante de movimentação, diz que prefere atuar pelo lado do campo a substituir Luan na função de falso 9. E também confia que, apesar das dificuldades do intenso calendário, o Grêmio pode ir longe no Brasileirão e na Copa do Brasil.
Veja a entrevista completa com Fernandinho:
Gol no Gre-Nal
Só Deus e eu sabemos a importância daquele gol. Em vários outros jogos, pedi para fazer meu primeiro gol com a camisa do Grêmio. Nunca imaginei que a hora que eu fizesse seria tão perfeita, tão especial. E isso me fez aprender a ser mais paciente, o que é difícil pra caramba. O ser humano tem muita dificuldade em esperar que as coisas aconteçam.
Um ano sem gols
Meu último foi pelo Atlético-MG, na Libertadores 2014, contra o Nacional da Colômbia. Depois, o Grêmio comprou meus direitos do Al-Jazira. Foi o time que escolhi para jogar, passamos quase um mês negociando. Sempre tive convicção de que fiz a escolha certa, independentemente das opções do Felipão. Quando você chega, precisa se adaptar. Ainda mais se tornando patrimônio do clube. Precisa do apoio e da confiança do treinador. Isso eu não tive dele.
5 a 0 no Gre-Nal
Gre-Nal é um campeonato à parte. É um Brasileirão, uma Libertadores, talvez até algo maior. Mas à parte. Vencer daquela forma foi uma bênção para nós. Mas aquilo não aconteceu à toa. Não esperávamos que fosse daquele jeito. Mas entramos totalmente focados. A confiança que o Roger nos passou foi incrível. Foi um jogo histórico, um privilégio entrar para a história do clube. Se Deus me trouxe de volta, é porque ele tem algum propósito.
Vitória sobre o Galo
Nosso time gosta de jogar com adversários mais fortes. Aqueles que jogam para frente, considerados os melhores do campeonato, quando jogam em casa querem ditar o ritmo do jogo. Querem pressionar, fazer o gol. O Atlético-MG é um grande exemplo disso. É impossível um time que jogue dessa forma e não dê espaços. E nós aproveitamos bem isso. No início do jogo, a gente estava errando passes. Quando acertamos, encaixou e saiu aquele golaço.
Contra times fechados
Se o adversário dá menos espaço, a gente tem de ditar o ritmo de jogo. O time que vai para cima, dá espaço. O Roger trabalha em função disso. Se a gente está pressionando, não podemos deixar a guarda aberta. Quem está ali atrás precisa ficar atento para não tomar este tipo de contra-ataque e não sofrer gols.
Hora da titularidade?
Eu fico feliz por ter este privilégio de mostrar meu trabalho. É algo que eu não tive muito no ano passado. E tem a questão da confiança, quando o treinador te passa isso é outra coisa. Costumo falar que jogador é 70% confiança. Você só consegue definir a qualidade, ou o quanto o jogador é importante, quando ele tem confiança.
Volta dos "renegados"
É a confiança do treinador, né. Fiquei sabendo que o Edinho estava treinando em separado só depois, quando eu estava voltando do Verona. E não entendi aquilo, ele é um cara importante, que todos gostam no grupo. Quando o Roger precisou, ele deu o melhor dele e foi importante para nós. É o que faço também. Não foi de um dia para o outro que escolhi vir para o Grêmio. Tá na hora de conquistar títulos, voltar a dar alegrias ao torcedor gremista.
Mágoa de Felipão?
Nada disso. O estranho do meu caso é que eu tinha acabado de ser comprado. O Grêmio poderia ter esperado mais seis meses, assinado um pré-contrato e me contratado de graça. Me tornei patrimônio do clube, mas o treinador chega e me desvaloriza da forma que desvalorizou. Mas foi uma opção do Felipão, ele tinha a autoridade de usar quem ele achava melhor. Essa é a única coisa que ficou estranha. Mas mágoa do Felipão, nenhuma.
Saída para o Verona
A proposta do Verona veio no final do Brasileirão. O diretor do clube viu alguns jogos meus, já me acompanhava desde o Atlético-MG, e entrou em contato com meus empresários. Eu fiquei na dúvida se ia ou não. Mas se eu tivesse em um bom momento no Grêmio, talvez não teria ido. Mas como estava sem jogar, sem ser utilizado, foi uma boa opção. E acho, não tenho certeza, que o Felipão também não contava comigo. Então, uma coisa ajudou a outra.
Passagem pela Itália
Cheguei no finalzinho do campeonato, nos últimos jogos do segundo turno. Lá, o técnico (Andrea Mandorlini) espera que você aprenda o idioma e se adapte para só depois jogar. Para ele, só assim eu entenderia as instruções dele. Italiano é mais ou menos assim, e a gente respeitava esse método. Mas, como fiquei quatro meses, eles até queriam ampliar o empréstimo por mais um ano e meio. Mas o Grêmio queria meu retorno. E acho que voltei na hora certa.
Pedidos para a volta
Eu até fiquei surpreso, não é algo normal isso acontecer. O Rhodolfo e o Maicon, que também trabalharam comigo no São Paulo, o Giuliano, o Grohe e outros jogadores ficaram no pé do presidente e do diretor para me trazer. E também ficaram no meu pé para eu voltar. Foi muito bacana a atitude deles comigo. A melhor forma de retribuir é ajudando eles em campo.
Trabalho com Roger
Estamos vivendo um momento muito especial com ele. Todos os jogadores gostam muito do Roger. E não é porque está está tudo dando certo. Todos os elogios que o Roger recebe dos jogadores são reais, ninguém aqui está puxando o saco dele. Estamos retribuindo dentro e fora de campo o que ele está fazendo por nós. Quando nos perguntam dele, só falamos a verdade.
Treinos intensos
Estão me ajudando bastante. O Rogerinho, que já estava merecendo assumir esta função de preparador físico, é muito inteligente. Eu preciso da minha parte física em dia, isso me traz muita confiança para ter um bom desempenho. Nesse trabalho puxado do Roger, você trabalha a parte física e técnica ao mesmo tempo. E isso te dá uma condição muito melhor.
Ambiente no vestiário
Quando voltei, era totalmente diferente. Pessoal com o sorriso no rosto e muita vontade de trabalhar. O ambiente está tão bom que a gente fica ansioso para chegar ao CT ou à Arena para treinar. Tem jogador que chega bem cedo no clube, treina uma hora, uma hora e meia. Antes, alguns vinham só para treinar e já iam embora logo depois. Quando o ambiente é pesado, as coisas são mais complicadas. Em momentos assim, você prefere ficar mais com a família.
O que mudou?
Nosso elenco é o mesmo do Gauchão, que estava mal e passou por momentos difíceis. Aí mudou o treinador. O Felipão que era ruim? Não, ele tem história. Não é à toa que conquistou tantos títulos. Mas aí chegou o Roger, com um trabalho diferente. E ele abraçou o grupo, que retribuiu e está correndo por ele. É um técnico novo, que estudou muito e que sabe o que está fazendo. A única forma de não dar certo é se a gente não fizer o que ele pede.
Jogaria como falso 9?
Eu gosto mais de jogar pelo lado do campo. Atuar como falso 9 é mais complicado, não é uma função fácil de fazer. O Luan tem uma facilidade por conseguir jogar muito bem de costas ali no meio. Eu fiz poucas vezes esta função, prefiro mais jogar pelos lados, seja pela direita ou pela esquerda.
Bobô x Luan
São características diferentes. O Bobô é muito esforçado, é um finalizador e vai ser muito importante para nós. Está chegando, entrando em forma. O Luan é aquele jogador diferenciado que todo time quer ter. Ele é a jóia do Grêmio, faz muito bem esta função de falso 9. E complica os adversários porque ele sai de centroavante e vem para a linha de meias. Dificilmente ele vai durar muito no nosso elenco. Todo mundo está vendo o que ele tem feito.
Receio em finalizar?
Teve essa jogada (contra o Coritiba), que meu advogado até me depois ligou para cornetear. Na verdade, o cruzamento era para ir entre o zagueiro e o goleiro. Mas a grama estava prendendo. Eu até diminuí a passada, mas errei no cálculo pela grama alta. Aí a bola ficou atrás do meu pé e não deu para chutar nem cruzar da forma que pensei. Mas a gente tem sempre que melhorar nos fundamentos. Com bola, sem bola, movimentação, finalização.
Veloz e driblador
É a característica do jogador, e isso você precisa aprimorar. Como sou velocista, preciso trabalhar em cima da velocidade para não perder esta condição. Um preparador físico na Itália me disse que, mesmo chegando a idade, perco isso mais lentamente do que o normal. Mas se você deixa de trabalhar em cima disso, perde bem mais rápido. Em relação ao drible, é um dom que vem de Deus. Cabe a mim aprimorar nos treinos para executar nos jogos.
Calendário brasileiro
É algo que precisa mudar, hoje é muito apertado. A gente poderia até dar um espetáculo melhor, com jogos mais bonitos e disputados se o calendário melhorasse. E o índice de lesões diminuiria também. Creio que o pessoal vai melhorar, não tem outra alternativa. Precisamos pegar os campeonatos de fora que são referências, como o Espanhol e o Inglês, que têm um calendário mais tranquilo, e nos adequarmos a eles.
Grupo do Grêmio
Temos um elenco muito jovem, com jogadores que recém subiram das categorias de base. Mas também fico impressionado com a qualidade dos meninos que estão no profissional hoje. Apesar da idade e do peso que é vestir a camisa do Grêmio, mostram muita personalidade. O Brasileirão é longo e, junto com a Copa do Brasil, vamos precisar de todos. Com cuidado, descansando, boa alimentação, temos de fazer nossa parte. É importante termos esta consciência.
União no elenco
Unido como o do Grêmio está agora, eu ainda não tinha visto. O Atlético-MG tinha um grupo bem fechado. Mas o Grêmio, por não ter jogadores considerados medalhões, penso que ajuda bastante. Todo mundo se respeita, se cobra, olha no olho do outro. Quando tem de discutir, discute. Quando tem de elogiar, elogia. A sintonia no grupo é muito grande. O Roger deixa todo mundo motivado. Quando você menos espera, ele te dá a chance. Cabe a nós estarmos preparados.
Título é possível?
É o sonho de todo gremista. O campeonato é muito longo. Mas nosso objetivo, agora, é ficar próximo dos líderes. Para que, na reta final, a gente possa ter condições de brigar. Para que a torcida siga empolgada, temos de trabalhar forte. Teremos dificuldades, jogos difíceis, que nem sempre serão só contra equipes grandes. Os times que jogam fechados contra nós acabam sendo muito perigosos.
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