Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Aos 32 anos, Edinho ressurgiu no Grêmio. Após a saída de Felipão, que o afastou do grupo no ano passado, o volante foi reintegrado por Roger Machado e passou a viver nova vida. O marco desta nova fase foi a goleada por 5 a 0 no Gre-Nal no domingo. Contra o Inter, clube que o projetou para o futebol e onde conquistou a Libertadores e o Mundial em 2006, viveu o que define como sua maior alegria na carreira.
— O 5 a 0 foi minha maior conquista, trocaria por tudo — resume o volante.
A ZH, Edinho diz que não sente mágoa por Felipão, mas entende que o técnico lhe faltou com respeito ao não explicar os motivos de seu afastamento. O volante diz que a lembrança de Fernandão, que o ajudou a superar uma aventura frustrada pelo futebol francês, foi importante para seu bom desempenho no Gre-Nal. Além disso, Edinho diz que o Grêmio tem condições de conquistar o Brasileirão. Veja a entrevista.
Como é ganhar um Gre-Nal por 5 a 0?
Eu estava tão eufórico após o jogo que parecia que tinha ganhado um título. Pela situação que eu me encontrava, de treinar separado, pensei que não vestiria mais a camisa do Grêmio. Ganhar um Gre-Nal por 5 a 0 foi um marco muito especial na minha carreira. Aos 32 anos, tive que me reinventar. Com o Roger, não tem como treinar meia-boca. Você precisa estar sempre 100%.
Trocaria os títulos de sua carreira por este resultado?
Penso que o 5 a 0 foi minha maior conquista, trocaria por tudo. Apesar de não valer troféu, no meu modo de ver, foi meu maior título. Eu ressurgi, a palavra é essa. Pensei que minha carreira ia degringolar. As pessoas me ligavam, não sabiam porque eu estava afastado. Ganhar o Gre-Nal desta forma, com uma atuação segura e tranquila, foi minha volta por cima.
Você era um dos que mais comemoravam os gols.
Cheguei a sonhar com o jogo, que fazia gol. Até brinquei com o Giuliano sobre como seria a comemoração. Foi um momento de felicidade mesmo. Pessoalmente, foi algo muito importante para mim. Há um tempo atrás, estava afastado do grupo. Então, ajudar o Grêmio a vencer um Gre-Nal foi um momento mágico.
Como você encarou este período longe do grupo?
Foi um momento difícil, ruim demais. Não lembro de ter feito nada para o Felipão, para o Murtosa nem para ninguém. Acabaram me afastando, essa foi a grande verdade. Fiquei muito mal, mas tive o apoio da minha esposa, da minha filha. E a pesca me ajudou muito. Por intermédio de um amigo, me apaixonei pela pescaria. Foi uma terapia para repor as energias e tirar meu estresse.
Onde você encontrou forças para seguir treinando?
Tive o apoio da minha família. E também a lembrança do Fernandão na minha cabeça. Enfrentei este momento de dificuldade, mas pensava "estou vivo e tenho como reverter". Foi um cara importante na minha vida, me ajudou muito. Mas, infelizmente não está mais entre nós. Antes do Gre-Nal, lembrei dele. Ele me estendeu a mão num dos momentos difíceis da minha carreira.
Como foi este apoio da família?
Meu pai e minha mãe me ajudaram muito. Saí de casa com 13 anos, sou filho único. Sempre falavam que eu tinha de tirar uma lição disso, crescer de alguma forma. Hoje vejo que eu tinha de passar por aquilo. Talvez para que eu possa me dedicar mais nos treinos. Nesse tempo fora, sentia falta da concentração, de ter a nutricionista pegando no meu pé. Foram momentos difíceis.
Felipão explicou a você o motivo do afastamento?
Questionei se tinha algo que eu poderia melhorar e ele dizia "é opção minha". Foi uma coisa que me magoou demais, não tinha motivo. Lógico que todo jogador quer ser titular, mas o mais triste é que nem no grupo eu estava. Acho que faltou um pouco de respeito da parte dele. Mas faz parte, é passado. Ele está bem na China e eu estou me firmando aqui.
Porque você continuou no Grêmio?
Clubes como o Flamengo, Coritiba e Vasco fizeram sondagens. Como o Grêmio não queria pagar parte do salário, era difícil sair. Mas, graças à Deus, tive paciência. Foi a minha grande virtude, qualquer outro teria chutado o balde. Eu só queria uma chance para mostrar que o Felipão estava errado. Não tenho mágoa, nem rancor. Mas isso mexeu com meus brios, me fez crescer.
Seu contrato vai até dezembro. Vai renovar?
Quero muito continuar no Grêmio. Ainda não começamos a negociar, mas quero muito ficar. Minha filha (Manuela, cinco anos) gosta da cidade, estuda aqui, está muito adaptada. Até me disse "não vamos mais embora, né papai?". Ela é gremista doente, ficou feliz da vida com o Gre-Nal. É inacreditável que em tão pouco tempo tive uma reviravolta tão grande aqui no Grêmio.
Qual é a importância do Roger na tua retomada?
Sou muito grato ao Roger, não consigo enumerar isso. Vou carregar esta experiência para o resto da minha vida. É um cara estudioso, talentoso, de vez em quando fala umas palavras difíceis (risos). Mas ele se faz entender fácil, todos o adoram no grupo. Escolher 11 é fácil, o difícil é manter 30 caras motivados. E ele faz isso.
A metodologia de treinos te ajudou a melhorar?
O Rogerinho (preparador físico) faz um trabalho fantástico. Hoje, o time voa em campo. O treino é uma loucura. Tem horas que o Roger fala "para, quem quiser vomitar, pode vomitar". Não adianta o cara ser só bom se não tiver domínio de grupo, é complicado. Jogador é raça triste, tem uns que são mais vaidosos. E o Roger sabe lidar muito bem com isso.
Você está em seu melhor momento da carreira?
Acho que sim, estou muito maduro. No Brasil, as pessoas pensam que jogador com mais de 30 anos é velho. O Sangaletti (ex-zagueiro do Inter) dizia "a melhor fase é após os 30 anos, você sabe o que pode fazer e conhece seu corpo". Mas precisa se cuidar, ter uma boa noite de sono e se alimentar bem. Não que não possa tomar uma cervejinha na folga, mas tem de ter muita cautela.
Até onde o Grêmio pode ir neste Brasileirão?
Eu penso em título. Já trabalhei em grupos inferiores e ganhamos. O Inter de 2006 era inferior. Quem era Alex, Edinho, Monteiro, Fabinho, Rubens Cardoso, Índio, Fernandão? Só que o Brasileirão é difícil. O Atlético-MG está em uma fase muito boa, mas nosso time deu liga. Temos condições de ser campeões. Um clube como o Grêmio não pode ficar tanto tempo sem ganhar.
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— O 5 a 0 foi minha maior conquista, trocaria por tudo — resume o volante.
A ZH, Edinho diz que não sente mágoa por Felipão, mas entende que o técnico lhe faltou com respeito ao não explicar os motivos de seu afastamento. O volante diz que a lembrança de Fernandão, que o ajudou a superar uma aventura frustrada pelo futebol francês, foi importante para seu bom desempenho no Gre-Nal. Além disso, Edinho diz que o Grêmio tem condições de conquistar o Brasileirão. Veja a entrevista.
Como é ganhar um Gre-Nal por 5 a 0?
Eu estava tão eufórico após o jogo que parecia que tinha ganhado um título. Pela situação que eu me encontrava, de treinar separado, pensei que não vestiria mais a camisa do Grêmio. Ganhar um Gre-Nal por 5 a 0 foi um marco muito especial na minha carreira. Aos 32 anos, tive que me reinventar. Com o Roger, não tem como treinar meia-boca. Você precisa estar sempre 100%.
Trocaria os títulos de sua carreira por este resultado?
Penso que o 5 a 0 foi minha maior conquista, trocaria por tudo. Apesar de não valer troféu, no meu modo de ver, foi meu maior título. Eu ressurgi, a palavra é essa. Pensei que minha carreira ia degringolar. As pessoas me ligavam, não sabiam porque eu estava afastado. Ganhar o Gre-Nal desta forma, com uma atuação segura e tranquila, foi minha volta por cima.
Você era um dos que mais comemoravam os gols.
Cheguei a sonhar com o jogo, que fazia gol. Até brinquei com o Giuliano sobre como seria a comemoração. Foi um momento de felicidade mesmo. Pessoalmente, foi algo muito importante para mim. Há um tempo atrás, estava afastado do grupo. Então, ajudar o Grêmio a vencer um Gre-Nal foi um momento mágico.
Como você encarou este período longe do grupo?
Foi um momento difícil, ruim demais. Não lembro de ter feito nada para o Felipão, para o Murtosa nem para ninguém. Acabaram me afastando, essa foi a grande verdade. Fiquei muito mal, mas tive o apoio da minha esposa, da minha filha. E a pesca me ajudou muito. Por intermédio de um amigo, me apaixonei pela pescaria. Foi uma terapia para repor as energias e tirar meu estresse.
Onde você encontrou forças para seguir treinando?
Tive o apoio da minha família. E também a lembrança do Fernandão na minha cabeça. Enfrentei este momento de dificuldade, mas pensava "estou vivo e tenho como reverter". Foi um cara importante na minha vida, me ajudou muito. Mas, infelizmente não está mais entre nós. Antes do Gre-Nal, lembrei dele. Ele me estendeu a mão num dos momentos difíceis da minha carreira.
Como foi este apoio da família?
Meu pai e minha mãe me ajudaram muito. Saí de casa com 13 anos, sou filho único. Sempre falavam que eu tinha de tirar uma lição disso, crescer de alguma forma. Hoje vejo que eu tinha de passar por aquilo. Talvez para que eu possa me dedicar mais nos treinos. Nesse tempo fora, sentia falta da concentração, de ter a nutricionista pegando no meu pé. Foram momentos difíceis.
Felipão explicou a você o motivo do afastamento?
Questionei se tinha algo que eu poderia melhorar e ele dizia "é opção minha". Foi uma coisa que me magoou demais, não tinha motivo. Lógico que todo jogador quer ser titular, mas o mais triste é que nem no grupo eu estava. Acho que faltou um pouco de respeito da parte dele. Mas faz parte, é passado. Ele está bem na China e eu estou me firmando aqui.
Porque você continuou no Grêmio?
Clubes como o Flamengo, Coritiba e Vasco fizeram sondagens. Como o Grêmio não queria pagar parte do salário, era difícil sair. Mas, graças à Deus, tive paciência. Foi a minha grande virtude, qualquer outro teria chutado o balde. Eu só queria uma chance para mostrar que o Felipão estava errado. Não tenho mágoa, nem rancor. Mas isso mexeu com meus brios, me fez crescer.
Seu contrato vai até dezembro. Vai renovar?
Quero muito continuar no Grêmio. Ainda não começamos a negociar, mas quero muito ficar. Minha filha (Manuela, cinco anos) gosta da cidade, estuda aqui, está muito adaptada. Até me disse "não vamos mais embora, né papai?". Ela é gremista doente, ficou feliz da vida com o Gre-Nal. É inacreditável que em tão pouco tempo tive uma reviravolta tão grande aqui no Grêmio.
Qual é a importância do Roger na tua retomada?
Sou muito grato ao Roger, não consigo enumerar isso. Vou carregar esta experiência para o resto da minha vida. É um cara estudioso, talentoso, de vez em quando fala umas palavras difíceis (risos). Mas ele se faz entender fácil, todos o adoram no grupo. Escolher 11 é fácil, o difícil é manter 30 caras motivados. E ele faz isso.
A metodologia de treinos te ajudou a melhorar?
O Rogerinho (preparador físico) faz um trabalho fantástico. Hoje, o time voa em campo. O treino é uma loucura. Tem horas que o Roger fala "para, quem quiser vomitar, pode vomitar". Não adianta o cara ser só bom se não tiver domínio de grupo, é complicado. Jogador é raça triste, tem uns que são mais vaidosos. E o Roger sabe lidar muito bem com isso.
Você está em seu melhor momento da carreira?
Acho que sim, estou muito maduro. No Brasil, as pessoas pensam que jogador com mais de 30 anos é velho. O Sangaletti (ex-zagueiro do Inter) dizia "a melhor fase é após os 30 anos, você sabe o que pode fazer e conhece seu corpo". Mas precisa se cuidar, ter uma boa noite de sono e se alimentar bem. Não que não possa tomar uma cervejinha na folga, mas tem de ter muita cautela.
Até onde o Grêmio pode ir neste Brasileirão?
Eu penso em título. Já trabalhei em grupos inferiores e ganhamos. O Inter de 2006 era inferior. Quem era Alex, Edinho, Monteiro, Fabinho, Rubens Cardoso, Índio, Fernandão? Só que o Brasileirão é difícil. O Atlético-MG está em uma fase muito boa, mas nosso time deu liga. Temos condições de ser campeões. Um clube como o Grêmio não pode ficar tanto tempo sem ganhar.
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