
Após 7 partidas do Grêmio sob o comando de Roger Machado, já é possível analisarmos as mudanças táticas que o time teve desde a chegada do técnico. As cinco vitórias nesse tempo demonstram não só uma mudança motivacional da equipe em campo, como também são reflexos de uma estratégia tática diferente de antes, a qual se consolida a cada partida.
Antes, o Grêmio era um 4-2-3-1 de centroavante fixo, dois pontas que só alternavam lado após determinação técnica ao longo da partida e dois volantes que guardavam posição. Luan era o único jogador flutuante daquele esquema que priorizava um jogo mais burocrático, digamos assim. Hoje em dia, um futebol burocrático é um futebol estagnado, embora, no Brasil, o costumeiro pensamento do centroavante “matador” perdure até hoje. Atualmente, para o Grêmio, a ideia daquele centroavante que ganha no corpo, que faz pivô e que é referência de área, é um pensamento ultrapassado.
Talvez o Grêmio tenha tido essa evolução forçada por um orçamento limitado e um elenco escasso, pode até ser que sim. Já dizia algum sábio que a criatividade aflora na dificuldade. Para mim, um bom técnico se revela nos maus momentos. Bem, ainda é cedo para enaltecermos um jovem técnico, então vamos nos ater a análise da forma de jogo atual do tricolor.
O Grêmio um tanto travado de outrora deu espaço a um time que explora a velocidade. O esquema de jogadores fixados, em sua maioria, deu espaço a um quarteto de jogadores que não têm posicionamento fixo. Agora, Grêmio ataca com Douglas, Giuliano, Luan e Pedro Rocha e qualquer um deles figura, por vezes, o meia, o ponta ou o centroavante. Como Douglas tem uma qualidade maior no passe, ele geralmente figura na terceira linha do campo, armando as jogadas. Já Luan, Pedro Rocha e Giuliano são as 3 peças flutuantes do Grêmio. Não há delimitações para eles, não há burocracia. Eles têm como papel fundamental movimentarem-se na última linha do campo, em cima da linha de impedimento, muitas das vezes em sentido diagonal, como na imagem abaixo:

(Os jogadores Douglas 2, Luan 3 e Pedro Rocha 4 estão jogando em cima da linha de zaga cruzeirense. No lance, a bola parte de Maicon 1, para Douglas 2 que passa a bola em velocidade para Luan 3, o qual está se movimentando na diagonal, nas costas do zagueiro que acompanhou Douglas).
E nessa outra imagem:

(Luan 1, Giuliano 2, Pedro Rocha 3 estão em transição de posicionamentona linha de zagam, enquanto Galhardo 4 chega às costas do zagueiro envolvido com a movimentação que vai ocorrer lá na esquerda. São quatro jogadores movimentando-se ao mesmo tempo, em velocidade, confundindo a marcação. Na jogada, Luan 1 passou para Maicon 5, que vai trabalhar a bola com Marcelo Oliveira logo depois).
O Grêmio passa a maior parte do tempo com 4 - e às vezes até 6 jogadores, dependendo da chegada dos laterais e volantes - na linha de zaga adversária.
Com o tempo, foi percebendo-se que o centroavante fixo acabava sendo facilmente anulado numa defesa bem postada. Depois, que o camisa 10 como único jogador talentoso e com liberdade para jogar, também acabava sendo anulado quando marcado individualmente. Aos poucos, foi se consolidando, assim, a ideia de que futebol é movimentação e essa é a regra fundamental do novo estilo do Grêmio.
Jogar com, no mínimo, 3 jogadores de movimentação intensa, ou seja, flutuantes, é ousado para o Brasil, apesar de já estar mais que ratificado na Europa. Lá, todos os jogadores sabem exercer as mais variadas funções dentro de campo. É possível ver lateral armando, armador de atacante avançado e a principal das peças, ao meu ver o volante, fazendo todas as funções. É muito difícil marcar jogadores que figuram em vários lugares do campo e, aqui no Brasil, é uma estratégia com a qual a grande maioria dos times não está nada preparada para marcar. Inclusive, a maioria dos times que enfrentamos nesses sete jogos sequer conseguiram interpretar essa nova realidade de jogo do tricolor. Pior ainda é quando tentam marcar estes 3 jogadores individualmente, é impraticável para o adversário! Significa abrir espaços preciosos para nossos volantes e laterais que também estão figurando no ataque, como pontas ou armadores.
Mas há uma peça-chave dessa engrenagem. Roger não demorou a perceber que Luan tinha inteligência para ser o gatilho de toda essa movimentação. Bem, na verdade, o próprio Felipão já havia notado, tanto que depositava nele a confiança para ser nosso talento no meio-campo, inclusive designando-o para a função flutuante. Entretanto, com Roger, é Luan que ativa a movimentação de todo resto. Suas infiltrações exigem a movimentação dos outros 3 jogadores do quarteto - isso quando laterais e volantes não participam do ataque -, os quais acabam envolvendo a marcação numa enormidade de possibilidades de passe, uma vez que todos infiltram confundindo a defesa adversária.
Luan tem a capacidade de interpretar um jogo, ou seja, tem a inteligência tática de ocupar espaços fazendo com que abram espaços para os companheiros. Com técnica e velocidade, claro, mas também com uma leitura ímpar da partida. Ele seria o nosso “segredo tático”, quando ele era o único responsável pela movimentação. Hoje, já somos mais que Luan, somos uma equipe, um conjunto de pequenas engrenagens, todas responsáveis pelo grande artifício do futebol: vencer a defesa adversária.
Por isso, o tricolor deixou de lado o pensamento defensivo, porque time que apenas sabe se defender evita a péssima campanha, entretanto nunca tem a melhor. Por isso que, apesar do Grêmio recompor num 4-4-2, com duas linhas de 4, às vezes se transforma num 4-2-4, marcando a saída de bola, roubando-a na intermediária, sedento pelo ataque. E quando ataca, se transforma em vários esquemas diferentes, isso significa que esse time resolveu focar no ataque.
Temos uma equipe que não teme em atacar, que se deu muito bem com a velocidade e a tornou aliada a um sistema de jogo moderno, europeu, (por mais que tenham banalizado esse adjetivo aqui no sul) de intensa movimentação. Essa é uma nova doutrina de futebol que Roger trouxe para o Grêmio e está transformando em realidade, enquanto velhos métodos estão sendo deixados para trás. Como aquela ideia do centroavante, que agora só faz sentido tê-lo num time desde que ele detenha muitas outras qualidades além do posicionamento e do arremate; como velocidade e técnica, por exemplo.
Então, por que os outros times do brasileirão não jogam assim? Talvez porque os técnicos brasileiros não se sintam preparados para jogar dessa forma, enquanto o mundo da bola roda lá fora. Não é coincidência dizer que os quatro técnicos semifinalistas da Copa América jogam dessa forma e todos são argentinos. Assim como não é por acaso que o Grêmio, mesmo tendo uma equipe sabidamente limitada, tem tido aproveitamento de campeão.
Acontece, portanto, que cada vez mais o futebol tem sido estudado e aprimorado. Embora o talento dos craques continue sendo a principal arma desse esporte, é preciso investir em mais que isso para ser campeão. É preciso trabalho, empenho, estudo e, principalmente, estar um passo à frente do adversário nas constantes evoluções desse esporte. E o Grêmio já está nessa evolução.
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Antes, o Grêmio era um 4-2-3-1 de centroavante fixo, dois pontas que só alternavam lado após determinação técnica ao longo da partida e dois volantes que guardavam posição. Luan era o único jogador flutuante daquele esquema que priorizava um jogo mais burocrático, digamos assim. Hoje em dia, um futebol burocrático é um futebol estagnado, embora, no Brasil, o costumeiro pensamento do centroavante “matador” perdure até hoje. Atualmente, para o Grêmio, a ideia daquele centroavante que ganha no corpo, que faz pivô e que é referência de área, é um pensamento ultrapassado.
Talvez o Grêmio tenha tido essa evolução forçada por um orçamento limitado e um elenco escasso, pode até ser que sim. Já dizia algum sábio que a criatividade aflora na dificuldade. Para mim, um bom técnico se revela nos maus momentos. Bem, ainda é cedo para enaltecermos um jovem técnico, então vamos nos ater a análise da forma de jogo atual do tricolor.
O Grêmio um tanto travado de outrora deu espaço a um time que explora a velocidade. O esquema de jogadores fixados, em sua maioria, deu espaço a um quarteto de jogadores que não têm posicionamento fixo. Agora, Grêmio ataca com Douglas, Giuliano, Luan e Pedro Rocha e qualquer um deles figura, por vezes, o meia, o ponta ou o centroavante. Como Douglas tem uma qualidade maior no passe, ele geralmente figura na terceira linha do campo, armando as jogadas. Já Luan, Pedro Rocha e Giuliano são as 3 peças flutuantes do Grêmio. Não há delimitações para eles, não há burocracia. Eles têm como papel fundamental movimentarem-se na última linha do campo, em cima da linha de impedimento, muitas das vezes em sentido diagonal, como na imagem abaixo:

(Os jogadores Douglas 2, Luan 3 e Pedro Rocha 4 estão jogando em cima da linha de zaga cruzeirense. No lance, a bola parte de Maicon 1, para Douglas 2 que passa a bola em velocidade para Luan 3, o qual está se movimentando na diagonal, nas costas do zagueiro que acompanhou Douglas).
E nessa outra imagem:

(Luan 1, Giuliano 2, Pedro Rocha 3 estão em transição de posicionamentona linha de zagam, enquanto Galhardo 4 chega às costas do zagueiro envolvido com a movimentação que vai ocorrer lá na esquerda. São quatro jogadores movimentando-se ao mesmo tempo, em velocidade, confundindo a marcação. Na jogada, Luan 1 passou para Maicon 5, que vai trabalhar a bola com Marcelo Oliveira logo depois).
O Grêmio passa a maior parte do tempo com 4 - e às vezes até 6 jogadores, dependendo da chegada dos laterais e volantes - na linha de zaga adversária.
Com o tempo, foi percebendo-se que o centroavante fixo acabava sendo facilmente anulado numa defesa bem postada. Depois, que o camisa 10 como único jogador talentoso e com liberdade para jogar, também acabava sendo anulado quando marcado individualmente. Aos poucos, foi se consolidando, assim, a ideia de que futebol é movimentação e essa é a regra fundamental do novo estilo do Grêmio.
Jogar com, no mínimo, 3 jogadores de movimentação intensa, ou seja, flutuantes, é ousado para o Brasil, apesar de já estar mais que ratificado na Europa. Lá, todos os jogadores sabem exercer as mais variadas funções dentro de campo. É possível ver lateral armando, armador de atacante avançado e a principal das peças, ao meu ver o volante, fazendo todas as funções. É muito difícil marcar jogadores que figuram em vários lugares do campo e, aqui no Brasil, é uma estratégia com a qual a grande maioria dos times não está nada preparada para marcar. Inclusive, a maioria dos times que enfrentamos nesses sete jogos sequer conseguiram interpretar essa nova realidade de jogo do tricolor. Pior ainda é quando tentam marcar estes 3 jogadores individualmente, é impraticável para o adversário! Significa abrir espaços preciosos para nossos volantes e laterais que também estão figurando no ataque, como pontas ou armadores.
Mas há uma peça-chave dessa engrenagem. Roger não demorou a perceber que Luan tinha inteligência para ser o gatilho de toda essa movimentação. Bem, na verdade, o próprio Felipão já havia notado, tanto que depositava nele a confiança para ser nosso talento no meio-campo, inclusive designando-o para a função flutuante. Entretanto, com Roger, é Luan que ativa a movimentação de todo resto. Suas infiltrações exigem a movimentação dos outros 3 jogadores do quarteto - isso quando laterais e volantes não participam do ataque -, os quais acabam envolvendo a marcação numa enormidade de possibilidades de passe, uma vez que todos infiltram confundindo a defesa adversária.
Luan tem a capacidade de interpretar um jogo, ou seja, tem a inteligência tática de ocupar espaços fazendo com que abram espaços para os companheiros. Com técnica e velocidade, claro, mas também com uma leitura ímpar da partida. Ele seria o nosso “segredo tático”, quando ele era o único responsável pela movimentação. Hoje, já somos mais que Luan, somos uma equipe, um conjunto de pequenas engrenagens, todas responsáveis pelo grande artifício do futebol: vencer a defesa adversária.
Por isso, o tricolor deixou de lado o pensamento defensivo, porque time que apenas sabe se defender evita a péssima campanha, entretanto nunca tem a melhor. Por isso que, apesar do Grêmio recompor num 4-4-2, com duas linhas de 4, às vezes se transforma num 4-2-4, marcando a saída de bola, roubando-a na intermediária, sedento pelo ataque. E quando ataca, se transforma em vários esquemas diferentes, isso significa que esse time resolveu focar no ataque.
Temos uma equipe que não teme em atacar, que se deu muito bem com a velocidade e a tornou aliada a um sistema de jogo moderno, europeu, (por mais que tenham banalizado esse adjetivo aqui no sul) de intensa movimentação. Essa é uma nova doutrina de futebol que Roger trouxe para o Grêmio e está transformando em realidade, enquanto velhos métodos estão sendo deixados para trás. Como aquela ideia do centroavante, que agora só faz sentido tê-lo num time desde que ele detenha muitas outras qualidades além do posicionamento e do arremate; como velocidade e técnica, por exemplo.
Então, por que os outros times do brasileirão não jogam assim? Talvez porque os técnicos brasileiros não se sintam preparados para jogar dessa forma, enquanto o mundo da bola roda lá fora. Não é coincidência dizer que os quatro técnicos semifinalistas da Copa América jogam dessa forma e todos são argentinos. Assim como não é por acaso que o Grêmio, mesmo tendo uma equipe sabidamente limitada, tem tido aproveitamento de campeão.
Acontece, portanto, que cada vez mais o futebol tem sido estudado e aprimorado. Embora o talento dos craques continue sendo a principal arma desse esporte, é preciso investir em mais que isso para ser campeão. É preciso trabalho, empenho, estudo e, principalmente, estar um passo à frente do adversário nas constantes evoluções desse esporte. E o Grêmio já está nessa evolução.
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