
No diário “Lance!”, de hoje, coluna de André Kfouri.
DEGRADAÇÃO
O congresso nacional entendeu que não poderia se omitir em um momento tão importante para o futebol. A investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou a participação de dirigentes em diversos crimes, de tal forma que os políticos do país não tinham o direito de fingir que não havia trabalho a fazer. Era a obrigação deles. “Todos devemos nos submeter ao controle da opinião pública”, observou um ministro.
A câmara dos deputados e, poucos dias depois, o senado, mobilizaram-se para aprovar uma lei que permite que o trabalho investigativo continue no âmbito local, desmantelando as redes de proteção que por décadas impediram que o futebol fosse tratado como um ambiente de interesse público. Nas palavras de um senador, “é impossível que continue existindo blindagem para a corrupção, a proteção de delitos econômicos em grande escala por corporações criminosas”.
Essas são notícias que chegam do… Paraguai, estimuladas pelo escândalo de corrupção na FIFA. A lei aprovada anteontem pelos senadores efetivamente derruba a imunidade diplomática da sede da CONMEBOL, localizada nos arredores de Assunção, e expõe a entidade que controla o futebol na América do Sul às requisições das autoridades paraguaias. Desde 1997, o prédio tinha as prerrogativas de uma embaixada.
Pelos mesmos motivos que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está encarcerado em Zurique, o ex-manda-chuva da CONMEBOL, Nicolás Leoz, encontra-se em prisão domiciliar em Assunção. Ambos os cartolas octogenários podem ser extraditados para os Estados Unidos, onde um tribunal os aguarda. Mas enquanto o congresso paraguaio tomou providências para investigar a entidade que Leoz comandou, seu equivalente brasileiro continua a tratar a CBF como se ela fosse uma embaixada.
De fato, a realidade é muito pior. A presença de Marco Polo Del Nero em audiência na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, na terça-feira passada, foi um repugnante espetáculo de promiscuidade entre parlamentares brasileiros e um dirigente esportivo que tem explicações a dar sobre um período em que atos de corrupção, comprovados, foram cometidos na CBF. Foram raros os momentos da audiência em que Del Nero teve de responder perguntas. Por pouco os membros da chama bancada da bola não lhe pediram para assinar camisas da Seleção Brasileira.
Poucas frases são tão verídicas quanto a que diz que cada nação tem os políticos que merece. No caso do Brasil, o noticiário impõe a contemplação de nossos defeitos como sociedade praticamente todos os dias. A degradação do homem público tem diversas explicações e dramáticas repercussões. Por mais triste, convém perguntar por que seria diferente no futebol. As conexões da CBF em Brasília são antigas e conhecidas, capazes de dificultar a votação de uma Medida Provisória que tem o apoio do governo.
O Brasil está atrás do Paraguai no combate à corrupção no futebol. E a parcela da sociedade que se importa com o assunto – certamente menor do que gostaríamos – depende da diligência do FBI para se sentir representada. Ou de uma CPI, mais uma, em que políticos a serviço de cartolas tentarão redefinir a desfaçatez.
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DEGRADAÇÃO
O congresso nacional entendeu que não poderia se omitir em um momento tão importante para o futebol. A investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou a participação de dirigentes em diversos crimes, de tal forma que os políticos do país não tinham o direito de fingir que não havia trabalho a fazer. Era a obrigação deles. “Todos devemos nos submeter ao controle da opinião pública”, observou um ministro.
A câmara dos deputados e, poucos dias depois, o senado, mobilizaram-se para aprovar uma lei que permite que o trabalho investigativo continue no âmbito local, desmantelando as redes de proteção que por décadas impediram que o futebol fosse tratado como um ambiente de interesse público. Nas palavras de um senador, “é impossível que continue existindo blindagem para a corrupção, a proteção de delitos econômicos em grande escala por corporações criminosas”.
Essas são notícias que chegam do… Paraguai, estimuladas pelo escândalo de corrupção na FIFA. A lei aprovada anteontem pelos senadores efetivamente derruba a imunidade diplomática da sede da CONMEBOL, localizada nos arredores de Assunção, e expõe a entidade que controla o futebol na América do Sul às requisições das autoridades paraguaias. Desde 1997, o prédio tinha as prerrogativas de uma embaixada.
Pelos mesmos motivos que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está encarcerado em Zurique, o ex-manda-chuva da CONMEBOL, Nicolás Leoz, encontra-se em prisão domiciliar em Assunção. Ambos os cartolas octogenários podem ser extraditados para os Estados Unidos, onde um tribunal os aguarda. Mas enquanto o congresso paraguaio tomou providências para investigar a entidade que Leoz comandou, seu equivalente brasileiro continua a tratar a CBF como se ela fosse uma embaixada.
De fato, a realidade é muito pior. A presença de Marco Polo Del Nero em audiência na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, na terça-feira passada, foi um repugnante espetáculo de promiscuidade entre parlamentares brasileiros e um dirigente esportivo que tem explicações a dar sobre um período em que atos de corrupção, comprovados, foram cometidos na CBF. Foram raros os momentos da audiência em que Del Nero teve de responder perguntas. Por pouco os membros da chama bancada da bola não lhe pediram para assinar camisas da Seleção Brasileira.
Poucas frases são tão verídicas quanto a que diz que cada nação tem os políticos que merece. No caso do Brasil, o noticiário impõe a contemplação de nossos defeitos como sociedade praticamente todos os dias. A degradação do homem público tem diversas explicações e dramáticas repercussões. Por mais triste, convém perguntar por que seria diferente no futebol. As conexões da CBF em Brasília são antigas e conhecidas, capazes de dificultar a votação de uma Medida Provisória que tem o apoio do governo.
O Brasil está atrás do Paraguai no combate à corrupção no futebol. E a parcela da sociedade que se importa com o assunto – certamente menor do que gostaríamos – depende da diligência do FBI para se sentir representada. Ou de uma CPI, mais uma, em que políticos a serviço de cartolas tentarão redefinir a desfaçatez.
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