Líder, moderno e "sanguíneo": o estilo de James Freitas, interino no Grêmio

James Freitas conversa com preparador Rogério Dias (Foto: Eduardo Moura/Globoesporte.com)

Sem Felipão no comando, o duelo entre Grêmio e Figueirense será o primeiro que James Freitas estará no cargo de técnico do Tricolor, ainda que interinamente. Com experiência em uma situação semelhante no Guarani-PAR, algoz do Corinthians na Libertadores deste ano, o treinador da equipe sub-20 está pronto para o último salto, após começar nas categorias de recreação, há 20 anos. O último degrau para um profissional considerado moderno e com liderança sobre os jogadores.

Abaixo, o GloboEsporte.com traça um perfil e mostra quem é o profissional que estará na casamata gremista neste sábado, a partir do depoimento de quem trabalhou com James Freitas.

Sem "chute na porta"

James Freitas, 46 anos, não precisa de gritos e “chutes na porta” para se impor sobre o elenco. É visto como um treinador que tem capacidade diferenciada de gerir os atletas por quem o rodeia. Basicamente, uma imposição com ideias e atitudes no campo.

O técnico começou sua caminhada no Grêmio em 95, quando entrou nas escolinhas para crianças, ao lado do hoje preparador físico do Metalist, Michel Huff. Ambos galgaram espaço no clube em parceria. Chegaram a trabalhar pelo interior do Rio Grande do Sul juntos, com folha salarial abaixo de R$ 1 mil mensais e residindo em alojamentos com atletas.

- Ele está pronto, hoje. Só precisava de uma oportunidade, e a brecha aconteceu agora - disse Huff ao GloboEsporte.com.

Experiência semelhante

O treinador teve passagem pelo Guarani-PAR, ao ser auxiliar de Beto Almeida no clube, em 2011. Só que o titular acabou demitido e Freitas se viu em situação semelhante à atual. Comandou a equipe nas últimas partidas do Campeonato Paraguaio e levou o clube para a Sul-Americana do ano seguinte.

Também tem experiências anteriores pelo rival Inter, Juventude, São José-RS, Brasil de Farroupilha e Luverdense. No time de Caxias do Sul, trabalhou com o atual presidente, Raimundo Demore, quem o chama de "arrojado".

James Freitas comandouo Grêmio na Copa São Paulo de 2015 (Foto: Marcos Lavezo)

- Sempre foi arrojado, lançando os meninos mais interessantes, preocupado com a filosofia do clube. Tem uma liderança muito forte. De chutar porta é passado, mas era um líder, um cara decisivo, imponente no vestiário - disse Demore.

O trabalho com os jovens é um de seus estandartes. James formou jogadores como Douglas Costa e Rafael Carioca nas categorias de base do Tricolor. Mais recentemente, pescou o lateral-esquerdo Júnior do time sub-17 para o sub-19 para dar um suporte e acompanhar mais de perto o comportamento do jovem, que hoje é opção no time profissional gremista.

Técnico de intensidade

Nos poucos momentos de treinamentos aberto da semana, James mostrou-se como técnico de intensidade. Foi assim no trabalho tático em campo reduzido, na quarta-feira, quando o interino indicou o time que atuará neste sábado. Os jogadores disputavam espaço com muita disposição.

A aposta de pessoas próximas ao treinador é de que, com uma semana para trabalhar, ele dará resultados satisfatórios. O próprio capitão do elenco, Rhodolfo, elogiou os fundamentos do treinador nos treinamentos. Disse, em entrevista coletiva, que o profissional deu alguns trabalhos que o “time precisava”.

James Freitas cobra intensidade nos treinos (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)

Padrão "sanguíneo"

Técnico do time sub-19, Luiz Gabardo Júnior, é outro a elogiar o perfil de James. Ambos se conhecem bem por trabalharem na base do clube. Com a ida do colega para o profissional, Gabardo acumulou a função no sub-20, pela situação emergencial.

- É um cara sanguíneo, ativo, que joga tudo com o time, no dia a dia, um cara disciplinador. Tem um perfil de treinador, de líder. Perfil concentrado no trabalho, bem focado no trabalho. Acredita em treino, e treinos modernos, no dia a dia de trabalho - destacou Gabardo.

James Freitas com o grupo do Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio)

Diretor das categorias de base gremista, David Stival, aposta que ao final do ano o treinador buscará “novos voos”, acima da categoria sub-20. Quem sabe, essa ascensão chegue bem antes.

- Ele já fez toda sua história na base. Está pronto para dar um voo mais alto. É uma boa experiência para ele. Demonstrou condições de comandar um time profissional. Ele consegue se impor com autoridade sem ser autoritário, tem bom conhecimento de futebol, de táticas, de posicionamento de campo. É um treinador em ascensão, com condições de fazer um trabalho em clube profissional - destacou Stival.

A oportunidade está na mesa. Resta saber se James irá conseguir comandar o Grêmio neste momento turbulento rumo a uma vitória no Brasileirão. Para o confronto deste sábado, o técnico sabe que o resultado positivo é o mais importante. Sob pressão, o Grêmio precisa vencer a primeira partida pelo Brasileirão, depois de empate e derrotas nas duas rodadas iniciais da competição.

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