
Eles não são onipresentes, mas estão por toda a parte. Não querem se fazer notar, pois a discrição faz parte do trabalho. Em um futebol cada vez mais caro, observadores são cada vez mais necessários para ajudar os clubes a descobrir as novas joias do futebol mais cedo, ainda em estado bruto. E pagar menos por elas.
A função é antiga, mas passou a ser exercida de maneira menos improvisada e mais organizada nos últimos anos. Junto com a mudança na qualificação, houve também uma mudança de nomenclatura, que gerou uma certa confusão. De olheiros, passaram a ser observadores técnicos ou captadores. Há também analistas de desempenho, focados em ver jogos do próprio clube ou do próximo adversário, ou mesmo jogadores que podem ser contratados. Às vezes, o trabalho é realizado também por membros da comissão técnica dos clubes, tanto dos profissionais quanto da base.
O investimento na área é cada vez maior. Recentemente, a CBF anunciou uma equipe de captação com seis profissionais para poder monitorar o desempenho de diversos jogadores na base brasileira, triplicando uma equipe que só tinha dois profissionais.
- O Brasil é um país continental, com características de regiões distintas. Essa rede de captação vai abastecer os treinadores das seleções de base com informações - explica o coordenador da base da CBF, Erasmo Damiani.
Felipe Gil, coordenador de captação do Internacional, vê o setor de captação como um dos mais importantes de um clube.

- Temos que estar bem focados e atualizados, principalmente com os jogadores de clubes menores, identificar os principais talentos o quanto antes. Aqui no Inter, temos cinco observadores apenas para a base.
A proporção é clara: quanto maior o número de jogos observados, maior a chance de ser preciso na identificação de talentos e na projeção de acontecimentos futuros.
O boleiro e o executivo
Junto com o aumento do investimento dos clubes em observadores, há também uma mudança no perfil da profissão. O boleiro, geralmente um ex-jogador do clube que era colocado na função por gratidão ao passado, dá lugar a profissionais com formação universitária, que falam dois ou três idiomas e buscam aperfeiçoamento na Europa. Não necessariamente formados em Educação Física.
É o caso de Marcelo Teixeira. Formado em Ciência da Computação, o atual gerente geral da base do Fluminense foi observador técnico do Manchester United por quatro anos, entre 2007 e 2011.
- Nunca sofri preconceito por não ser da área, até porque há muito mais observadores não formados em Educação Física do que o contrário - diz.
A faixa salarial é variável. Um observador iniciante recebe entre R$ 3 mil e R$ 5 mil mensais. Um coordenador de captação pode ganhar entre R$ 10 mil e R$ 12 mil.
São valores importantes se levada em conta a atual realidade econômica do Brasil, mas pequenos se comparados com as cifras movimentadas pelos grandes clubes brasileiros e a possibilidade de negociação de um jogador. Para que esse investimento se pague, basta que seja negociado um jogador por ano, mesmo que por somas baixas para os padrões atuais, como por exemplo R$ 1 milhão.
A tática para a observação varia de acordo com o profissional. Muitos os observadores são vistos sentados em grupo nos estádios. Outros preferem ficar escondidos, solitários, sem conversar com ninguém.
Cada cabeça, uma sentença
Os critérios na escolha de jogadores para serem observados são diversos. Alguns, como qualidade técnica, são bem gerais e fazem parte do discurso de todos os observadores quando são citadas as características mais procuradas. Mas a busca, em alguns casos, é bem minuciosa e engloba vários outros aspectos.
- Na metodologia do Manchester United, havia mais de 35 critérios para a escolha dos jogadores e iam desde questões técnicas e físicas, passando pelo lado psicológico e pelo histórico social do jogador. Trouxe uma parte dessa metodologia para o Fluminense - explica Marcelo Teixeira.
Quando um talento chama a atenção, é visto em mais de um jogo pelos observadores, para que haja uma avaliação mais precisa sobre qualidades e defeitos.
- Procuro ver um jogador pelo menos três ou quatro vezes para indicar. Um jogo dentro de casa, outro fora e um clássico, se o jogador for de time grande, para observar o comportamento. É lógico que o erro acontece, mas a chance de acontecer é menor - avalia Sérgio Guerreiro, observador técnico do Flamengo, que viu o início de jogadores como Jean, atualmente no Fluminense, Kelvin, hoje no Palmeiras, e Matheus Sávio, do Flamengo.
Ele afirma também que, para que o clube faça o investimento no jogador, não adianta apenas ele ter qualidade. Precisa ser igual ou melhor do que os que já estão no próprio clube.
O critério de escolha varia também de acordo com a filosofia de jogo proposta pelos clubes. Em alguns, os mais altos têm a preferência. Em outros, nos quais a pressão por resultados na base é grande, há a busca por jogadores mais desenvolvidos fisicamente (os "maturados", no jargão da base) em faixas etárias mais baixas. Outros, como o Inter, afirmam buscar jogadores mais técnicos.
No início procuramos observar o atleta com mais talento. O goleiro é a única função com um pré-requisito de estatura no clube. Aqui temos zagueiros com 1,82m e 1,80m, e acreditamos neles, damos muita ênfase à parte técnica. As questões físicas, como força e velocidade, vemos depois no clube. Hoje está muito na moda a questão da intensidade, competitividade do jogador, o quanto ele participa do jogo, com e sem a bola - analisa Felipe Gil, coordenador de captação do Inter.
Expansão dos mercados
Um dos ganhos que as redes de observações montadas trazem aos clubes é a possibilidade de observar jogadores em mercados distantes ou em competições específicas. A Copa São Paulo de Futebol Júnior, por exemplo, é um terreno fértil para profissionais da área, com clubes contratando até freelancers para acompanhar os jogos.
O Fluminense é um dos que têm mais aproveitado a rede de observadores que montou. Nomes como Fabinho, atualmente no Monaco, da França, e Michael foram vistos por observadores do clube na Copinha antes de serem contratados. Luan, do Grêmio, disputou o torneio pelo América-SP em 2013.
Marcelo Teixeira, gerente da base do Flu, é formado em Ciência da Computação (Foto: Richard Souza)
Além da Copinha, são cada vez mais vistos campeonatos estaduais, outros torneios de base e competições sul-americanas profissionais. Pela boa qualidade e baixo custo (sobretudo se comparado aos brasileiros que atuam na Europa), jogadores como De Arrascaeta, do Cruzeiro, são procurados cada vez mais cedo.
Outros clubes voltam seus observadores para o próprio estado. É o caso do Atlético-MG, que tem cinco profissionais para ver o Campeonato Mineiro e busca poucos jogadores de outros estados para a base. A política de baixos salários pagos para os jogadores mais jovens é uma marca atleticana.
Para que uma área coberta seja maior, vários clubes utilizam profissionais de outras áreas na observação de jogos. É o caso do Palmeiras, que unirá observadores, analistas de desempenho, técnicos e auxiliares da base para ver a rodada inteira da Série B.
- A ideia é integrar os departamentos de base e profissional e conhecer o maior número de jogadores possível - resume o gerente de futebol do clube, Cícero de Souza.
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A função é antiga, mas passou a ser exercida de maneira menos improvisada e mais organizada nos últimos anos. Junto com a mudança na qualificação, houve também uma mudança de nomenclatura, que gerou uma certa confusão. De olheiros, passaram a ser observadores técnicos ou captadores. Há também analistas de desempenho, focados em ver jogos do próprio clube ou do próximo adversário, ou mesmo jogadores que podem ser contratados. Às vezes, o trabalho é realizado também por membros da comissão técnica dos clubes, tanto dos profissionais quanto da base.
O investimento na área é cada vez maior. Recentemente, a CBF anunciou uma equipe de captação com seis profissionais para poder monitorar o desempenho de diversos jogadores na base brasileira, triplicando uma equipe que só tinha dois profissionais.
- O Brasil é um país continental, com características de regiões distintas. Essa rede de captação vai abastecer os treinadores das seleções de base com informações - explica o coordenador da base da CBF, Erasmo Damiani.
Felipe Gil, coordenador de captação do Internacional, vê o setor de captação como um dos mais importantes de um clube.

- Temos que estar bem focados e atualizados, principalmente com os jogadores de clubes menores, identificar os principais talentos o quanto antes. Aqui no Inter, temos cinco observadores apenas para a base.
A proporção é clara: quanto maior o número de jogos observados, maior a chance de ser preciso na identificação de talentos e na projeção de acontecimentos futuros.
O boleiro e o executivo
Junto com o aumento do investimento dos clubes em observadores, há também uma mudança no perfil da profissão. O boleiro, geralmente um ex-jogador do clube que era colocado na função por gratidão ao passado, dá lugar a profissionais com formação universitária, que falam dois ou três idiomas e buscam aperfeiçoamento na Europa. Não necessariamente formados em Educação Física.
É o caso de Marcelo Teixeira. Formado em Ciência da Computação, o atual gerente geral da base do Fluminense foi observador técnico do Manchester United por quatro anos, entre 2007 e 2011.
- Nunca sofri preconceito por não ser da área, até porque há muito mais observadores não formados em Educação Física do que o contrário - diz.
A faixa salarial é variável. Um observador iniciante recebe entre R$ 3 mil e R$ 5 mil mensais. Um coordenador de captação pode ganhar entre R$ 10 mil e R$ 12 mil.
São valores importantes se levada em conta a atual realidade econômica do Brasil, mas pequenos se comparados com as cifras movimentadas pelos grandes clubes brasileiros e a possibilidade de negociação de um jogador. Para que esse investimento se pague, basta que seja negociado um jogador por ano, mesmo que por somas baixas para os padrões atuais, como por exemplo R$ 1 milhão.
A tática para a observação varia de acordo com o profissional. Muitos os observadores são vistos sentados em grupo nos estádios. Outros preferem ficar escondidos, solitários, sem conversar com ninguém.
Cada cabeça, uma sentença
Os critérios na escolha de jogadores para serem observados são diversos. Alguns, como qualidade técnica, são bem gerais e fazem parte do discurso de todos os observadores quando são citadas as características mais procuradas. Mas a busca, em alguns casos, é bem minuciosa e engloba vários outros aspectos.
- Na metodologia do Manchester United, havia mais de 35 critérios para a escolha dos jogadores e iam desde questões técnicas e físicas, passando pelo lado psicológico e pelo histórico social do jogador. Trouxe uma parte dessa metodologia para o Fluminense - explica Marcelo Teixeira.
Quando um talento chama a atenção, é visto em mais de um jogo pelos observadores, para que haja uma avaliação mais precisa sobre qualidades e defeitos.
- Procuro ver um jogador pelo menos três ou quatro vezes para indicar. Um jogo dentro de casa, outro fora e um clássico, se o jogador for de time grande, para observar o comportamento. É lógico que o erro acontece, mas a chance de acontecer é menor - avalia Sérgio Guerreiro, observador técnico do Flamengo, que viu o início de jogadores como Jean, atualmente no Fluminense, Kelvin, hoje no Palmeiras, e Matheus Sávio, do Flamengo.
Ele afirma também que, para que o clube faça o investimento no jogador, não adianta apenas ele ter qualidade. Precisa ser igual ou melhor do que os que já estão no próprio clube.
O critério de escolha varia também de acordo com a filosofia de jogo proposta pelos clubes. Em alguns, os mais altos têm a preferência. Em outros, nos quais a pressão por resultados na base é grande, há a busca por jogadores mais desenvolvidos fisicamente (os "maturados", no jargão da base) em faixas etárias mais baixas. Outros, como o Inter, afirmam buscar jogadores mais técnicos.
No início procuramos observar o atleta com mais talento. O goleiro é a única função com um pré-requisito de estatura no clube. Aqui temos zagueiros com 1,82m e 1,80m, e acreditamos neles, damos muita ênfase à parte técnica. As questões físicas, como força e velocidade, vemos depois no clube. Hoje está muito na moda a questão da intensidade, competitividade do jogador, o quanto ele participa do jogo, com e sem a bola - analisa Felipe Gil, coordenador de captação do Inter.
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O Fluminense é um dos que têm mais aproveitado a rede de observadores que montou. Nomes como Fabinho, atualmente no Monaco, da França, e Michael foram vistos por observadores do clube na Copinha antes de serem contratados. Luan, do Grêmio, disputou o torneio pelo América-SP em 2013.

Além da Copinha, são cada vez mais vistos campeonatos estaduais, outros torneios de base e competições sul-americanas profissionais. Pela boa qualidade e baixo custo (sobretudo se comparado aos brasileiros que atuam na Europa), jogadores como De Arrascaeta, do Cruzeiro, são procurados cada vez mais cedo.
Outros clubes voltam seus observadores para o próprio estado. É o caso do Atlético-MG, que tem cinco profissionais para ver o Campeonato Mineiro e busca poucos jogadores de outros estados para a base. A política de baixos salários pagos para os jogadores mais jovens é uma marca atleticana.
Para que uma área coberta seja maior, vários clubes utilizam profissionais de outras áreas na observação de jogos. É o caso do Palmeiras, que unirá observadores, analistas de desempenho, técnicos e auxiliares da base para ver a rodada inteira da Série B.
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