Felipão grêmio técnico Luiz Felipe Scolari Felipão CSA (Foto: Reprodução)
A tabela da Copa do Brasil reservou a Luiz Felipe Scolari a possibilidade de revisitar um passado por vezes suprimido diante de seu farto currículo. O técnico gremista retorna a Maceió para encarar o CRB no jogo de ida da segunda fase da competição nacional, a partir das 19h30 desta quarta-feira, em duelo com um toque especial. Com certa nostalgia dos tempos em causava calafrios nos atacantes no Estádio Rei Pelé, como o temido zagueirão do CSA, eleito o melhor da posição na conquista do Campeonato Alagoano de 1981, seu único título como jogador profissional. O mesmo Club Sportivo Alagoano em que, um ano mais tarde, iniciaria a trajetória como treinador de futebol, a convite do amigo Valmir Louruz, que morreu há duas semanas. Felipão, portanto, está em casa.
Esqueça, porém, o técnico do Penta, bicampeão da Libertadores por Grêmio e Palmeiras, nos anos 1990. Ali, nas areias da capital alagoana, as recordações dão conta do Luiz Felipe defensor, contratado pelo CSA em 1981 para engrossar a turma de gaúchos da equipe, ao se juntar a Louruz, ao zagueiro Jerônimo e ao lateral Flávio.
Muito antes de se tornar o consagrado Felipão, o zagueiro, que difundiu o hábito do chimarrão entre os companheiros alagoanos, usou a experiência de seus 33 anos para se tornar "um paizão" dentro de campo. Ainda atleta, mas sempre um líder, capaz de, em pouco tempo, assumir a braçadeira de capitão e conduzir a equipe ao título estadual, com uma rodada de antecedência, após livrar três pontos de vantagem do arquirrival, CRB.
Memórias que seguem vivas na cabeça dos torcedores mais antigos do CSA e do ex-companheiro e também comandado Romel, armador da equipe nos anos 1980. Foi dele o gol do título alagoano de 1981, em cobrança de falta contra o Penedense, a única taça de Scolari como jogador profissional
- O Luiz Felipe veio como zagueiro central e sempre impôs respeito. Sempre foi disciplinado. Um líder dentro de campo. Ele chegou e, em pouco tempo, foi campeão alagoano. Teve uma estrela formidável. Ele sempre passou essa liderança. Era viril, não era técnico, mas tinha muitas qualidades de liderança. Para mim, era um paizão dentro de campo, sempre nos dando muito apoio. Depois, com o passar dos anos, ele ficou em evidência com os títulos de nível internacional. Mas aqui ele passou pouco tempo treinador. Aqui, ele é conhecido como aquele zagueirão viril, que tirava a bola de qualquer jeito. De voadora, de tesoura. Do jeito que dava - recorda com carinho ao GloboEsporte.com o meia Romel.
Felipão recebeu homenagem do CSA em 2013 (Foto: Victor Mélo/ Globoesporte.com)
A primeira chance para comandar uma equipe viria pouco tempo após o único titulo como jogador profissional. Ao final da temporada de 1981, o amigo Louruz teve de deixar o CSA por motivos familiares - para cuidar da esposa, que estava muito doente. Abriu caminho para Scolari, que o substituiu como técnico já no primeiro dia do ano de 1982. Muito distante de sua Passo Fundo Natal, aos 33 anos, Felipão pendurou em definitivo suas chuteiras, que nunca tiveram vergonha de seus chutões.
Uma transição natural, dada a figura de Scolari perante o grupo de jogadores da equipe alagoana. Acostumados a ser orientados pelo zagueirão, aos brados de dentro de campo, tiveram de se adaptar à figura do bigode à beira dos gramados. Foram de companheiros a comandados e pouco sentiram a diferença.
- Foi uma transição tranquila. Quando ele veio como jogador, já tinha uma idade avançada. Durante os treinamentos e os jogos, ele orientava muito a gente. Dava muito apoio. Parecia um auxiliar técnico dentro das quatro linhas. Já existia essa liderança dele como jogador. Era muito experiente. Fomos campeões juntos e, quando ele voltou no ano seguinte, o respeito permaneceu o mesmo. Ele já tinha essa postura de homem sério. O Valmir tinha uma linha parecida com a dele. Ele tem um dedo muito forte. Muito grande em tudo o que o Felipão se tornou. Para o Felipão, foi algo maravilhoso. Dali em diante, só sucesso - lembra Romel.
Felipão em disputa de cabeça como zagueiro do CSA, em 1981 (Foto: Reprodução)
A trajetória como técnico iniciou com muitas esperanças por parte do então presidente do CSA, João Lyra, que chegou a afirmar que o clube decidiria o título da Taça Ouro, equivalente ao Brasileirão, à época, diante do Flamengo. Ledo engano. A expectativa ao ver o capitão do título estadual do ano anterior no comando da equipe logo ruiu com uma campanha frustrante na competição nacional.
Em sua primeira experiência como treinador, Felipão permaneceu no cargo por exatos 42 dias - entre 1º de janeiro e 11 de fevereiro de 1982. Estreou com derrota para o Sport, em casa, seguido de uma vitória, a única que conquistou pelo clube. Vieram ainda outro revés e quatro empates, em um total de sete partidas. Seria demitido após uma igualdade com o Inter-SP.
Não à toa, o próprio Felipão lembra com mais carinho da passagem como jogador pelo solo alagoano. Ao retornar a Maceió para enfrentar o Coruripe, em 2012, pelo Palmeiras, também pela Copa do Brasil, o treinador exaltou bastante o título alagoano conquistado em 1981.
- Foi um título que me deixou muito feliz, pois como jogador, nunca tinha sido campeão estadual e consegui o ápice bem no final da minha carreira.O Valmir foi embora, e a direção entendeu que eu tinha condições para começar a trabalhar como técnico. Eu era o capitão do time e tinha curso de formação de Educação Física e de treinador. Foi uma oportunidade excelente. Em Maceió, eu sou muito mais lembrado pelo torcedor do CSA como um bom zagueiro que passou por lá, do que como técnico da Seleção Brasileira ou dos clubes por onde passei. Naquela época, nossa passagem pelo CSA realmente marcou - afirmou o treinador, à época.
Felipão foi tietado na chegada a Maceió, nesta terça-feira (Foto: Divulgação/Grêmio FBPA)
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Esqueça, porém, o técnico do Penta, bicampeão da Libertadores por Grêmio e Palmeiras, nos anos 1990. Ali, nas areias da capital alagoana, as recordações dão conta do Luiz Felipe defensor, contratado pelo CSA em 1981 para engrossar a turma de gaúchos da equipe, ao se juntar a Louruz, ao zagueiro Jerônimo e ao lateral Flávio.
Muito antes de se tornar o consagrado Felipão, o zagueiro, que difundiu o hábito do chimarrão entre os companheiros alagoanos, usou a experiência de seus 33 anos para se tornar "um paizão" dentro de campo. Ainda atleta, mas sempre um líder, capaz de, em pouco tempo, assumir a braçadeira de capitão e conduzir a equipe ao título estadual, com uma rodada de antecedência, após livrar três pontos de vantagem do arquirrival, CRB.
Memórias que seguem vivas na cabeça dos torcedores mais antigos do CSA e do ex-companheiro e também comandado Romel, armador da equipe nos anos 1980. Foi dele o gol do título alagoano de 1981, em cobrança de falta contra o Penedense, a única taça de Scolari como jogador profissional
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Felipão recebeu homenagem do CSA em 2013 (Foto: Victor Mélo/ Globoesporte.com)
A primeira chance para comandar uma equipe viria pouco tempo após o único titulo como jogador profissional. Ao final da temporada de 1981, o amigo Louruz teve de deixar o CSA por motivos familiares - para cuidar da esposa, que estava muito doente. Abriu caminho para Scolari, que o substituiu como técnico já no primeiro dia do ano de 1982. Muito distante de sua Passo Fundo Natal, aos 33 anos, Felipão pendurou em definitivo suas chuteiras, que nunca tiveram vergonha de seus chutões.
Uma transição natural, dada a figura de Scolari perante o grupo de jogadores da equipe alagoana. Acostumados a ser orientados pelo zagueirão, aos brados de dentro de campo, tiveram de se adaptar à figura do bigode à beira dos gramados. Foram de companheiros a comandados e pouco sentiram a diferença.
- Foi uma transição tranquila. Quando ele veio como jogador, já tinha uma idade avançada. Durante os treinamentos e os jogos, ele orientava muito a gente. Dava muito apoio. Parecia um auxiliar técnico dentro das quatro linhas. Já existia essa liderança dele como jogador. Era muito experiente. Fomos campeões juntos e, quando ele voltou no ano seguinte, o respeito permaneceu o mesmo. Ele já tinha essa postura de homem sério. O Valmir tinha uma linha parecida com a dele. Ele tem um dedo muito forte. Muito grande em tudo o que o Felipão se tornou. Para o Felipão, foi algo maravilhoso. Dali em diante, só sucesso - lembra Romel.
Felipão em disputa de cabeça como zagueiro do CSA, em 1981 (Foto: Reprodução)
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